True Outspeak: família, liberdade e opressão

Olavo de Carvalho

A família limita a liberdade pessoal, porém, a liberdade pode ser vista de dois planos: uma coisa é a liberdade civil [na qual], o cidadão está livre da opressão do Estado; outra coisa é a liberdade pessoal de ele poder fazer “o que der na telha”, viver conforme seus meros impulsos, seus gostos, caprichos, etc. Estas duas liberdades são antagônicas, pelo fato de que, aquele que vive segundo os seus caprichos, não alcança maturidade e não tem força nem inteligência para perceber quando está sendo manipulado e oprimido pelo Estado. A massa que busca satisfação e prazer é a massa mais manipulável que existe.

Sugiro um livro de um autor chamado Eugene Michael Jones. O livro chama-se Libido Dominandi e está disponível no idioma Inglês. O título, em Latim, é motivado por uma expressão de Santo Agostinho: “A volúpia de dominar”, “A volúpia de mandar”. Ele mostra que o incentivo à liberdade pessoal total, sobretudo a liberdade sexual, vem sempre junto com as ideologias tirânicas, as quais sempre prometem um certo nível de anarquia, uma certa liberdade sem limites, afinal, sabe que as pessoas vão atrás disso como crianças vão atrás de doces, e então deixam-se manipular.

Para você ter a liberdade civil contra o Estado, você precisa restringir a sua liberdade pessoal, você precisa amadurecer e aprender a sacrificar a sua liberdade pessoal por outras pessoas que precisam de você, sobretudo mulher e filhos. Ou seja, você sacrifica sua liberdade pessoal em nome dos mais fracos.

Este núcleo, constituído pelo sacrifício que o homem adulto faz, é o núcleo principal de resistência ao poder tirânico que vem de cima. Quer dizer, onde as famílias são fortes, o Estado tem um limite em sua atuação. Onde as famílias se dissolvem e todo mundo vira uma “massa anônima”, ou seja, onde todo vira “criancinha”, onde cada um está atrás de seus prazeres, de seus brinquedinhos, de seus gostos, o Estado manda em todos uniformemente, porque você “atomiza”, dissolve as autoridades intermediárias, a começar pela autoridade paterna, dissolvendo-se, assim, a escala de autoridade que existe na sociedade. Então, só ficam dois degraus na “escada”: o de cima e o de baixo. Essa é a definição do totalitarismo.

Então, é claro que a família limita a liberdade pessoal, mas ela é o grande instrumento de defesa da liberdade civil.


Proferido por Olavo de Carvalho.
Adaptado por Eric M. Rabello. Revisado por Fabio Rabello.


Nota do editor:

Esta postagem é uma transcrição adaptativa e não integral do Programa True Outspeak, transmitido em 7 de maio de 2007.




Se preferir, ouça o trecho do programa True Outspeak que gerou esta postagem:


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